domingo, 30 de janeiro de 2011

Orientação solar na arquitetura.

Ao longo dos tempos, podemos ver como a arquiteura evolui passando a considerar até então sequer cotados como fundamentais, assim como em outros momentos, parece retroceder nesta chamada evolução. Arquitetura nunca deveria ser considerada como somente forma, e sim função e técnica também, embora nem sempre tenha sido assim. A Vila Rotonda, de Palladio, tem quatro fachada iguais, numa simetria perfeita. Orintação nem sequer era cogitada nesta época.
Ao longo dos tempos, porém, a orietnação solar passou a ser considerada no desenvolvimento de um projeto arquitetônico. Quando estamos na faculdade, a cobrança em relação ao atendimento de uma arquitetura que considere as diferentes insolações é fator fundammental, inclusive de avaliação. Hoje são comuns as cadeiras relacionadas à Habitabilidade das Edificações.
Na vida real, como eu chamos os projetos que fazemos quando saímos da faculdade, esta questão não parece ser considerada, ao menos na arquitetura em geral que vemos pelas ruas.
Como estou em Porto Alegre, tomo a liberdade de pegar um exemplo de arquitetura comercial recente, cuja construção está em fase final, para poder exemplificar esta questão. A Cristal Tower, que fará parte do complexo do Barra Shopping Sul, junto à Orla do Guaíba, do grupo Multiplan. O projeto, que tem um total de 22 andares, com 290 conjuntos comerciais, tem uma proposta bem simples... fachada de vidro. Suas fachadas são absolutamente iguais no que se refere à proposta arquitetônica, embora o site do empreendimento o apresente como:
"Projeto arquitetônico moderno e sofisticado, com toda a fachada em pele de vidro refletivo."
Seguem fotos retiradas do site oficial do empreendimento (foto atual - janeiro de 2011 e foto de julho de 2010):




















Numa cidade com temperaturas que no verão chegam a 40ºC, imagino os gastos que serão relacionados à manutenção do condicionamento de ar desta torre. Então, me desculpe o empreendedor mas não tenho como considerar tal projeto moderno. Até porque seria, na minha opinião uma odensa a um movimento com uma qualidade arquitetônica tão significativa quanto foi o modernismo.
Para maiores informações visite o site:
http://www.cristaltower.com.br/main.jsp
Soluções como brises orientais e verticais, caixões perdidos para fazer proteções às fachada, ou mesmo técnicas de fachadas ventiladas, poderiam ser utilizadas para otimizar as questões relacionadas ao conforto térmico das edificações. Mas parece que ao sair para o mercado de trabalho muitos arquitetos parecem não conseguir aplicar os conceitos aprendidos.
O que preocupa, pórém, é o fato de que em plena época de valorização do meio ambiente, a arquitetura muitas vezes parece não refletir estas questões. Ao menos em Porto Alegre, o que temos é muita padronização de soluções e uma supervalorização da forma, não apenas na arquitetura comercial, como na arquitetura residencial também. Custos muitos elevados comprometem por vezes a própria conservação e manuteção dos imóveis.
Certa vez, desenvolvemos um sistema de brises para um pergolado com fechamento em vidro em um apartamento de cobertura na zona sul de Porto Alegre. O brise móvel permitia a regulagem da passagem de luz e da incidência direta do sol no ambiente. Por que na verdade este é o trabalho do arquiteto, desenvolver soluções inteligentes, que otimizem os gastos energéticos, contribuindo para o meio ambiente.
Arquiteta e urbanista Eliana Hertzog Castilhos

4 comentários:

  1. Falta arquiteto e sobra empresário em Porto Alegre. è por isso que devemos continuar lutando contra essa falta de planejamento público na Rgp1.

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  2. um prédio com vidro por todos os lados deve ter sido projetado por um arquiteto de outro país pois de Porto Alegre eu não acredito.
    JB

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  3. Essa é a torre que vocês diziam não ter sinalização noturna para aeronaves na RP1, correto?

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  4. Sim, esta mesma, e a noite, sendo espelhada, a gente quase não vê que ela está ali!

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