domingo, 30 de março de 2014

Sebastião Salgado. Exposição Gênesis. Porto Alegre, 2014.

No dia 13 de março foi inaugurada a exposição Genesis, do fotógrafo Sebastião Salgado. Para quem conhece a exposição vale a pena. Para quem não conhece, mais ainda.


Sebastião Salgado é um dos principais nomes da fotografia mundial. E sim, ele é brasileiro.
Conheço seu trabalho desde que a exposição Êxodos veio a Porto Alegre. Nesta época seu trabalho era totalmente em fotografia analógica. A minha primeira experiência foi me deparar com paineis imensos onde a fotografia se misturava à arte. Um trabalho incrível, um enquadramento impecável, mas que acima de tudo retratava crimes de um mundo doente. As cenas fortes contrastavam com a beleza das fotografias.
Desde então acompanho seu trabalho e aguardava ansiosa para ver o resultado de Genesis, um trabalho que nos leva a terras distantes, intocadas pela tecnologia, pelo consumismo.



Embora esperasse telas maiores, ainda assim a exposiçao apresenta lindíssimas fotos. Inevitavelmente nos perguntamos se não há montagens, pois os animais parecem olhar e posar ao fotógrafo.



O resultado porém é que sem sombra de dúvida Sebastião Salgado alcança seu objetivo. Não conseguimos acreditar que aqueles locais existam. Também saímos admirando estes locais pela arte natural destes espaços, capturada pelo artista. Sim, por que este fotógrafo é sem dúvida alguma um artista.

Interessante também que desde 2009, os  registros estão sendo realizados com máquinas fotográficas digitais. Percebe-se o tratamento nas imagens mas ainda assim o resultado é incrível. Genesis reúne registros de 8 anos de viagens,

Registrei algumas fotos, por que pra quem gosta é impossível não fazê-lo:












E as mensagens da equipe.




Um excelente programa para quem está em Porto Alegre.












Minha única queixa é a falta de um bom café no local. A gente sai da exposição querendo conversar a
respeito... mas sem um bom café??!!! Cadê a infra minha gente?? A #copadomundotaai

A exposição acontece na Usina do Gasômetro, na avenida Presidente João Goulart 551, de terça a domingo, das 9 às 21 hrs. Entrada Gratuita. Até 12 de maio de 2014.

quinta-feira, 13 de março de 2014

Patrimônio Histórico, estratégias para sua manutenção. Post 1

Na noite de terça-feira, assisti à apresentação do EPAHC (Equipe de Patrimônio Artístico Histórico e Cultural de Porto Alegre) da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre. O Auditório estava lotado, como bem é característica dos assuntos polêmicos. Diretores de empresas, arquitetos de renome, todos lá discutindo um assunto que na minha opinião "requentado".
Há anos atrás, em 2002, um estudo realizado por profissionais da Universidade Ritter dos Reis foi usado pela Prefeitura de Porto Alegre e baseou-se do princípio da precaução para listar e literalmente trancar inúmeros imóveis em Porto Alegre. Novamente, discutimos as mesmas coisas, sem nada evoluir.
A equipe do EPAHC apresentou um histórico dos imóveis, apresentou imagens... e ficou nisto. Na platéia, um público ansioso por entender como se faz esta classificação. A resposta ouvida foi o "está na lei". Hein (?!)... digamos que você seja proprietário e estivesse lá para entender o que estava acontecendo, nada foi explicado de forma clara...
Segue o vídeo da apresentação:

)

Decorrente destas atitudes, recria-se a animosidade já existente sobre o assunto. Segundo informações do sr. arq. Custódio (do EPAHC) as notificações às pessoas foram realizadas através do DOPA (Diário Oficial de Porto Alegre). Mais animosidade... alguém lê o DOPA? Não digo eu, vc... mas imagino o carinha já idoso, proprietário de um imóvel listado (um dos 300), quando ele vai realmente saber, como ele vai conseguir se manifestar? Será que vai conseguir? O Arquiteto Joaquim Haas dizia assim: "sou proprietário e a imagem que apresentaram do meu imóvel não é atual...". Isso é verdade?
Ao longo dos anos vejo o Patrimônio de Porto Alegre ser tratado reiteradas vezes de forma autoritária. Nunca vi a cidade ser tratada de forma integrada, conjunta. Ok, queremos manter a nossa história, mas precisa ser tão engessado o processo em si.

Exemplifico com um caso que vivi. Há anos atrás... há cerca de uns 10 anos. A empesa Engenhosul comprou este imóvel na rua Ramiro Barcelos, ao lado do Colégio Bom Conselho. Há 10 anos.


















A proposta, devido à proximidade ao hospital Moinhos de Vento, era criar um prédio de consultórios médicos. A casa seria integralmente mantida. No local, seria instalada uma livraria médica. O projeto parou no EPAHC. Informaram que no local existia um jardim histórico e que nada poderia ser construído ali.
Resumo do imóvel, está completamente abandonado há anos, e no jardim... um mato.

Daí a gente se pergunta, por que não trazer de modo efetivo os proprietários para esta discussão? Por que não buscamos alternativas para que o proprietário não seja "condenado" a manter uma propriedade listada, inventariada ou tombada? Por que não incentivamos usos reais nestes imóveis, de modo que este imóvel possa realmente ser usado?


Vejo outros países super avançados neste sentido, vejo nossa cidade perdendo várias oportunidades, e por fim, perdendo seus imóveis. Exemplifico aqui com o projeto Pateo Malzoni, em São Paulo... tinha uma casinha, e a casinha ficou ali, mesmo com um Mega Empreendimento. Você pode não considerar a melhor solução, mas na minha modesta opinião, melhor isso do que a casa sem manutenção nenhuma.


Foi resguardado a visual da edificação, foi destacado com acesso, foi preservado.

A imagem ao lado foi retirada do site: http://www.premiomasterimobiliario.com.br/ ws2011/vencedores.asp

O prédio abriga a sede do Google em São Paulo.

Mais informações técnicas no link abaixo:
http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-construcao/148/artigo300945-2.aspx

Extraímos outra imagem, da reportagem da PINI:



Há muito tempo questiono a falta de integração entre os setores. Por que o EPAHC não avalia os projetos e propõe soluções. Por que não incentivar sim a ocupação destes locais, com projetos de arquitetura de qualidade? Garanto que a iniciativa privada, as incorporadoras e construtoras não se opõem a isso. Se opõem ao não poder usar.

Há anos existia no endereço Mostardeiro 5 uma linda casa... um dia veio abaixo, e hoje há um prédio. Este é sempre o resultado que se está alcançando.

Também no bairro Moinhos de Vento, as casas da Luciana de Abreu, sobre as quais já conversamos em outro post também tem soluções pra dizer um mínimo estranhas: mantém 3 e as outras 3 são destruídas. Não seria pra levar a sério, se o assunto não fosse tão sério.


Segue link do post:
http://cubbos-consultoria.blogspot.com.br/2013/09/casinhas-da-luciana-de-abreu-uma-luta.html

Tentar algo novo, eis sim o desafio a todos nós e mais do que dividir, somar atitudes.

Eliana Hertzog Castilhos
arquiteta e urbanista

terça-feira, 11 de março de 2014

Uma das realidades da Copa do Mundo, a não duplicação da avenida Tronco. Quais as alternativas?

Desde o momento de escolha do Estaio Beira Rio para ser sede na cidade de Porto Alegre para a Cooa do Mundo, se discutiu as alternativas de acesso à Zona Sul da cidade. Todos ouvimos de forma categórica, será através da avenida Tronco, sem ela a Copa nao seria possível. A menos de 100 dias para o mundial, tantas são as obras que não ficarão prontas que nem nos damos conta de que entre elas esta a avenida Tronco.

Hoje, estive presente na reunião do CMDUA - Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Ambiental de Porto Alegre, e uma conselheira, de modo franco, perguntou:
- Qual é a alternativa para a avenida Tronco? Faremos feriado para quem mora na Zona Sul?
Outro relatou:
- As obras estão abandonadas, o mato tomando conta, há drogados, há insegurança. O que vai acontecer?

Em resposta aos questionamento dos Conselheiros das Comunidades, o que ouvimos foi um silencio das 9 Secretarias Municipais que também fazem parte do CMDUA. E nem culpo eles por que acho que a esta altura a confusão esta tão grande que ninguém mais se entende.

Abaixo segue imagem disponibilizado no site do Jornal Zero Hora. Como todos podem ver a situação é bem mais grave do que efetivamente vemos, ouvimos. Veremos sim os reflexos durante a Copa, e em especial depois dela.









Nosso governantes tem menos de 100 dias para mostrar que estamos errados. E queremos muito estar errados. Porto Alegre sonhou com estas mudanças, com novos espaços, com novos lugares, com novas soluções.  Não queremos estar sempre certos, queremos apenas receber o prometido, os sonhos que plantaram em cada um de nós.

Eliana Hertzog Castilhos
Arquiteta e urbanista

Manifesto da RP2 sobre os incentivos à OAS.


Há muito tempo estamos relatando aqui nossa contrariedade com os gastos nos estádios da copa e para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil. Embora o alegado fosse de que não haveria dinheiro público, as isenções de impostos somadas a outros fatores estão fazendo com que o poder público invisto verdadeiras fortunas nestas obras.

Para não dizerem que somos só nós que somos do contra, segue um manifesto feito pelo conselheiro da Região de Planejamento 2, do CMDUA, sr. Jorge Souza, o qual damos publicidade aqui.



Na minha modesta opinião, Inter e Grêmio, AG e OAS são iguais... em ambos os casos, nós todos estamos ajudando a pagar a conta.

Eliana Hertzog Castilhos
arquiteta e urbanista

Arquitetura e Gastronomia. 2014-5-Dado Bier, Bourbon Country, Porto Alegre.

Nossa saída esta vez foi para visitar um lugar que há muito tempo conhecemos, mas também que a muito tempo não íamos. Estamos falando do Restaurante Dado Bier, o que fica no Bourbon Country, Shopping ao lado do Iguatemi.


Segundo me informaram no atendimento, o restaurante já existe há uns 12 anos. A alteração ocorrida foi sair da unidade que era na rua, para ir para o Shopping. Com este número, fomos conferir a qualidade, o atendimento e o espaço da casa.
Para quem não conhece, o Dado começou como uma cervejaria, e por isso, essa referência está por todo o lugar. O ambiente lembra isto, e embora prime por opções escuras, a mesa não é... o que demonstra uma iluminação cuidadosa e equilibrada, provavelmente vinda de um respeito mútuo, seja do arquiteto em relação ao público, seja do proprietário, em relação à manutenção do projeto.


Como não estava cheio e entramos direto, tive que voltar para conferir a entrada, a recepção, o bar... Realmente o restaurante é muito preparado. Tem lugar de espera, tem bar... 

 

 E o melhor de tudo, que me permitiu aproveitar muito o jantar, um Espaço Kids de primeira. Há quem pense... que bobagem, ela fala isso por que tem filhos. Mas não é verdade. Tem coisa mais irritante do que criança brigando, gritando, fazendo manhã? E quem não é pai e mãe tendo que aguentar... sim, isto tudo é muito ruim e lá não acontece, por que não só tem o espaço, os brinquedos, os computadores, mas uma recreacionista que fica com eles lá... identificados com coletes.

 

Se dá algo com seu filho, te chamam pelo telefone; tranqüilidade aos pais, e tranqüilidade aos vizinhos de mesa...

Passamos a como funciona o restaurante. Você pode escolher o Buffet Gourmet, que à noite é de Saladas e Sushi, ou você pode pedir A La Carte. Meus acompanhantes ficaram com o Buffet ( valor de R$ 49,90) e eu pedi uma Picanha Gourmet. O valor dos pratos varia em media de R$ 50,00 a R$ 60,00 por pessoa. Mas este por pessoa é meio demais, pois o meu prato duas mulheres comiam tranquilamente pois é muito bem servido.

 As peças de sushi são disponibilizadas a vontade e com orientação. Copos de vidros... design nada de mais.



O Buffet de Saladas é bem apresentado e bem diversificado. Para quem quer economizar calorias, é uma boa opção. Tem ítens caros, então ele vale o que cobra.







 

As crianças tem prato especial coma possibilidade de criar várias faces, com diferentes comidas... vai que a salada fica mais atraente.. boa idéia, e demonstra o cuidado com o público infantil, que aliás, nem paga até os 5 anos.

Quanto ao meu pedido? Ele demorou um pouquinho sim... mas vale cada tempo de espera. Devo confessar que não sou um padrão muito saudável. O pedido vem com 400g de picanha (que eu adoro) defumada, dois ovos, cebola refogada no molho da picanha, batatas assadas com sal grosso, farofa e arroz. É definitivamente muita comida. A picanha veio no ponto (embora não tenham me perguntado o ponto). Um bom prato pra quem quer comer bem. E como não podia deixar de ser, pensei nos outros pratos do cardápio, que é bem variado, incluindo peixes também.


Com seus 12 anos de existência, dá pra perceber que o Dado aprendeu a arte de se ter um restaurante. A marca Dado Bier está por tudo, nos descasa pratos, no cardápio, em logomarcas. As mesas estão sempre montadas, prontas para receber os clientes. Instruções seguem nas mesas, mas ainda assim a equipe tem paciência para explicar. Quando pedidos, trazem os hots philadelphia à mesa.

A arquitetura reflete toda esta identidade em cores. Quem não lembra dos dadinhos vermelho e amarelos, que andavam colados em carros por aí há uns 15 anos atrás. E estas cores estão impressas no ambiente. Não de forma óbvia. O piso de ladrilho hidráulico combina perfeitamente com as peças em madeira. Mesmo quebradinho, tem seu charme. As paredes pintadas em cal, também são nestas tonalidades. O forro de madeira é intercalado por forro acústico. Resumo, conseguimos conversar tranquilamente, sem aquela sensação do zum-zum-zum...





Comentários a parte sobre os banheiros. Até então, um verdadeiro problema nos lugares visitados. No Dado, os sanitários feminino e masculino estão preparados com fraldário. Alívio aos papais, que pela primeira vez eu vejo sendo tratados com igualdade com as mães. Algo extremamente justo. 

Os banheiros são extremamente limpos, embora a arquitetura não seja lá estas coisas. Mas a esta altura, funcionando e estando limpinho, já está valendo. Tem box acessível, tem box com vaso de tamanho reduzido. Faltou a pia de altura reduzida.



 

Além de tudo, junto ao bar, uma grande infra de prevenção de incêndio (PPCI), incluindo alarme, extintores, hidrantes, sinalização...

Depois de ir no Dado, chegamos à seguinte conclusão: Dá pra atender as normas, dá pra fazer direito, e ainda assim cobrar um preço justo. O restaurante não é absurdamente caro, mas diante do que vimos, ele cobra o preço justo pois ele fornece muitos "quês" diferentes. Tem PPCI, tem Acessibilidade, serve pra mamães, pros papais, pras crianças... É realmente uma excelente opção. e está há muito tempo no mercado, ou seja, você não "quebra" por fazer direito.

Resumo da visita:
Ar condicionado: Sim.
Sistemas de prevenção de incêndio: Sim!!
Acessibilidade: Sim.
Pet friendly: não.
Comidinhas alternativas: nada indicado... mas podia, só organizar o cardápio de forma a apresentar a informação.
Acústica: Boa.
Som: não.
Área aberta: não.
Banheiro: próprio, limpo, acessível, com fraldário e vaso para crianças.
Comidas: Picanha Gourmet. Na minha opinião, vale a pena experimentar os pratos, mais que o Buffet
Bebidas: opções normais... nada de mais.
Preço: média de R$ 60,00 a R$ 70,00 por pessoa.

Notas:
Arquitetura: 8. Gostei. Tem quase de tudo, tem identidade, tem funcionalidade. mas falta arquitetura em alguns detalhes e manutenção em outros. Mas sem sombra de dúvida, uma das melhores.
Comida: 9. Tudo o que provamos gostamos. Mas ainda assim, o buffet de sushi poderia ser melhor.

Dado Bier - Bourbon Country
Av. Túlio de Rose, 80. Porto Alegre. RS.
Almoço. De Segunda à Sexta, das 12h às 15h. Sábados e Domigos, das 12h às 16h.
Jantar. De Segunda à Quinta, das 19h30 às 23h30. Sexta, Sábado e Feriado, das 19h30 à 0h.

Eliana Hertzog Castilhos