segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Viaduto Otávio Rocha

Viaduto Otávio Rocha
Os trabalhos para a recuperação e restauração do Viaduto Otávio Rocha, ou também conhecido como “Viaduto da Borges”, foram iniciados. É uma felicidade trabalhar neste projeto. Ele envolve toda a cidade e nossa história. Por isso, segue um pequeno histórico desse monumento, para termos uma ideia da responsabilidade e do comprometimento deste trabalho.
O Plano Geral de Melhoramentos de 1914, atribuído a Moureira Maciel, previa entre outras intervenções no tecido urbano de Porto Alegre, a construção da Avenida Borges de Medeiros. Mas a obra somente saiu do papel em 1928, quando o intendente Otávio Rocha e o presidente do Estado, Borges de Medeiros, realizaram diversas obras consideradas “cirurgias urbanas”, que podem ser relacionadas, devidas às proporções, às obras realizadas em Paris por Haussmann e no Rio de Janeiro por Pereira Passos.
A execução da obra tinha como justificativa a higiene e embelezamento da cidade – neste período estava vigente o pensamento positivista, por isso a intenção de empregar a ideia de progresso, através do planejamento e reformas urbanas. Anteriormente ali existia uma pequena via – a Rua General Paranhos, que conectava a Rua General Andrade Neves até a Rua Duque de Caxias e descia em acentuada ladeira até a Rua Coronel Genuíno, era uma rua marcada pela criminalidade e prostituição. Além disso, havia a necessidade de tratar o trânsito da cidade, conectando o centro à zona sul.
A obra exigia o rebaixamento do terreno, a interrupção da Rua Duque de Caxias e a criação de uma via elevada para que a passagem fosse reconfigurada. A proposta é de autoria dos Engenheiros Manuel Asumpção Itaqui e Diulio Bernardi, aprovada em 1927. No ano seguinte começaram as desapropriações e terraplanagem. Para a execução da obra foi aberta uma concorrência e a empresa vencedora foi a alemã: Companhia Construtora Dyckerhoff e Widmann.
O Viaduto foi executado em estrutura de concreto armado e revestido com cirex (massa raspada com mica). Composto por três vãos: o central com 19,20m e os laterais com 4,80m. Dois grupos ornamentais estão alocados nos nichos das porções centrais. O parapeito é composto por uma balaustrada em concreto. Inaugurado em 1932, foi considerado uma obra monumental, que transmitia a visão de uma Porto Alegre Moderna. Em 1972, foram cedidos os pequenos compartimentos no passeio inferior para estabelecimentos comerciais, serviços e sanitários. Por suas características arquitetônicas e sua relevância sócio cultural, foi inscrito pelo município no Livro do Tombo em 1988.
Em 1997 começaram a ser feitas reformas para reparo da estrutura, lavagem geral, recuperação de calhas e tubos de coleta. Seguindo pela atualização no sistema de iluminação, com a sua troca. Em 1999 foi iniciada a última etapa da restauração com a reforma dos passeios, dos revestimentos, das esquadrias, das instalações elétricas e hidráulicas de todas as lojas, sendo concluída no ano de 2001. Posteriormente, em 2010, foi feita uma limpeza geral e restauração do revestimento.
Atualmente o Viaduto se encontra em péssimo estado de conservação. Instalações elétricas, hidrossanitárias, gás, impermeabilização, segurança, proteção contra incêndio, acessibilidade, iluminação pública, paisagismo, mobiliário e sinalização urbana devem ser avaliadas e recuperadas. Algumas questões relevantes foram discutidas com relação a como a Prefeitura irá realizar esta reforma. O que não resta dúvida é a sua necessidade.
Uma determinação do Ministério Público impôs que a Prefeitura apresentasse projeto de recuperação do Viaduto. Em maio deste ano, a empresa Engelplus Engenharia ganhou licitação para a execução do projeto de restauração e recuperação estrutural do monumento. Após a apresentação do projeto, principalmente de seu orçamento, as questões de como a obra será executada serão discutidas.
O movimento de Preservação e Humanização do Viaduto Otávio Rocha, promovido pela ARCCOV (Associação Representativa dos Comerciantes do Viaduto Otávio Rocha), formada em 2005, tem por objetivo a preservação e manutenção do Viaduto através da conscientização da população e do poder público, a respeito da sua importância. Seus valores vão além dos arquitetônicos e históricos, mas também humanos e culturais.


Fontes:
MONTEIRO, Charles. Porto Alegre: urbanização e modernidade: construção social do espaço urbano. Porto Alegre: Edipucrs, 1995. 152 p.
Estudos urbanos: Porto Alegre e seu planejamento. Porto Alegre: UFRGS: Prefeitura Municipal de Porto Alegre, 1993. 373 p. : il.
FRANCO, Sérgio da Costa. Porto Alegre: guia histórico. 4. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2006. 444 p. : il.



Athena Guimarães
Acadêmica - Arquitetura e Urbanismo
UFRGS

Rua General Paranhos – 1865
Obras Viaduto Otávio Rocha – 1926

Obras Viaduto Otávio Rocha – 1930

Colocação dos trilhos - 1932




Pichações, sujeira e infiltrações chamam a atenção.

Foto: Maurício Malaszkiewicz
As escadarias internas foram ocupadas por consumidores de drogas, tornando o local inseguro mesmo durante o dia.
Foto: Maurício Malaszkiewicz
Atualmente as grelhas de escoamento pluvial estão fechadas. O Viaduto se torna uma verdadeira “cascata” em dias chuvosos. Além de aumentar o problema da infiltração.
Foto: Maurício Malaszkiewicz

Instalações elétricas expostas por terem seus tampos furtados ou então inacessíveis.
Foto: Maurício Malaszkiewicz

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Pérolas da Arquitetura - Post 1

   De tempos em tempos somos pegos por algumas pérolas da arquitetura, seja comentários ou mesmo procedimentos. Hoje tivemos no escritório mais uma, mas esta foi tão "pérola", que motivou este post.
   Tudo na verdade começou no sábado, quando estavamos em uma obra e ao chegar as malhas de aço fomos obrigados a recusar o material pois as mesmas estavam todas enferrujadas, ou seja, sem condições de uso.
   Hoje ao realizar o contato com o fornecedor (NBortolini), o vendedor Sílvio emitiu um dos maiores "despaltérios" (absurdos) do mês, conforme sua observação, ou melhor, eu diria conforme sua opinião:
   "...os nossos clientes até preferem as malhas enferrujadas pois assim o concreto adere melhor nelas."
   Ainda completou:
   "...nunca nenhum cliente pediu para devolver ferro de obra devido a estar enferrujado..."
  
   Bem pessoal ou nós somos muito chatos ou então estamos trabalhando com outra realidade. Mas me preocupa estes outros clientes... Depois culpam o pessoal da engenharia e da arquitetura por falhas nas obras... será que alguém fiscaliza o fornecimento do material de construção? E daí, se você devolve, por que não presta, é chato, ou é responsabilizado pelo atraso da obra. Bem vindos ao mundo da construção civil, onde tudo se ouve, tudo se fala, sem comprometimento algum.

   A nossa estagiária Adriana Ribeiro foi quem foi obrigada a presenciar estes absurdos.

Arquiteto e Urbanista Alan Cristian Tabile Furlan

sábado, 8 de setembro de 2012

Design de montar - Lego Colosseum

Passeando pela internet me surpreendi com a criatividade deste projeto, não é arquitetônico por se tratar de um brinquedo, Ryan McNaught, conhecido como "Brickman", superou-se em mais um grandioso projeto junto com a LEGO. Ele é um dos 13 profissionais LEGO Certified, do planeta, neste projeto utilizou algo em torno de 200.000 peças de LEGO.
O artista considerou um dos seus mais dificeis projetos, principalmente devido a variedade das formas, e a riqueza de detalhes. Além disso buscou retratar tanto o existente nos dias de hoje (tratando como ruínas e um ponto turístico), e a funcionalidade do seu uso na época do seu auge (época dos gladiadores e do grande apogeu do império romano).
As Imagens abaixos foram retiradas do site designatento.
 




A riqueza de detalhes demonstra o cuidado do artista em encher os olhos dos futuros visitantes da amostra em Sydney.








A foto divulgada abaixo, demonstra o artista no processo de montagem da peça, foto do The Sydney Morning Herald.
Como grande fã dos produtos LEGO, não consegui deixar de registrar aqui o potencial deste brinquedo que na verdade é muito mais que isso.

Arquiteto e Urbanista Alan Cristian Tabile Furlan

terça-feira, 10 de julho de 2012

Camara e PMPA aumentam taxas para aprovações de forma no mínimo abusiva.

Acabo de voltar da SPM (Secretaria Municipal de Planejamento) e levei um choque. As taxas subiram porcentagens dignas de serviços de primeiro mundo. Para quem não sabe, em 08/05/2012 a Câmara de Vereadores aprovou e o Prefeito sancionou um verdadeiro absurdo. Na terra onde a irregularidade é quase o padrão e não a exceção, estamos caminhando em direção contrária.
Para se ter uma idéia, até então a taxa de emissão de uma DM eram módicos R$ 29,15. Agora, para terrenos até 300m², subiu quase 500%, para R$ 138,89. No meu caso, nem tive dinheiro para pagar, meu cliente, com um terreno de pouco mais de 450,00m² terá que pagar uma taxa de R$ 194,44, um aumento de quase 700%. E ingenuamente perguntei... ao menos ficará mais rápido, quer dizer... não vai mais levar 90 dias né?! Que nada, a prazo continua o mesmo, me responde com uma sinceridade brutal, a profissional que  estava me respondendo...
O que dizer... é eleição, olimpíadas, escândalo do Demóstenes, tantas notícias que fica difícil descobrir o que acontece e que impacta no nosso dia-a-dia. Pra mim, só dificultou... ou alguém acredita que o povo vai regularizar seu próprio imóvel, em épocas de crise, pagando taxas que do nada aumentam quase 500%? Será que só eu estou escandalizada...
Para quem acha que estou exagerando, lembro apenas que estas taxas não estão divulgadas no site da Prefeitura ou mesmo da Secretaria de Planejamento. nem tem cartaz avisando... Resta receber um micro bilhete informando:

Terrenos com área de até 300,00m² - 50 UFM - R$ 138,89
Terrenos com área de 300 até 1000,00m² - 70 UFM - R$ 194,44
Terrenos com área de 1000 até 3000,00m² - 90 UFM - R$ 250,00
Terrenos com área de 3000 até 22500,00m² - 150 UFM - R$ 416,67
Terrenos com área superior a 22500,00m² - 200 UFM - R$ 555,56

Segue link de lei que alterou as taxas... justificativa que é bom, NADA!

http://www.camarapoa.rs.gov.br/biblioteca/integrais/LC%20693.pdf

Arquiteta e urbanista Eliana Hertzog Castilhos


segunda-feira, 9 de julho de 2012

Decreto 17302/11. Novas regras para as calçadas de Porto Alegre.

Desde setembro de 2011, há um novo Decreto instituindo novas regras para a execução e manutenção das calçadas de Porto Alegre. A principal inovação vem da inclusão dos elementos de acessibilidade, que a partir de agora passam a ser cobrados. Infelizmente, ainda trata-se de uma legislação que não prevê de forma clara padrões mínimos de permeabilidade nas calçadas, deixando esta opção aos proprietários, o que para mim é um retrocesso. Não só isso, não deixa clara algumas questões, como por exemplo, em áreas com declividade acentuadas, como se deve proceder? a previsão dos rebaixos aos cadeirantes fica a cargo de que executar e quando deve ser obrigatório? E o pior, possui indicação técnica errônea. Indica a utilização exclusiva de piso tátil direcional nos rebaixos de meio-fio (1ª imagem) onde a NBR 9050 é clara ao fazer o uso do piso tátil de alerta no rebaixo e direcional na calçada indicando o sentido e a ocorrência do rebaixo (2ª imagem). Um erro inaceitável, numa lei tão recente e que se propõe justamente a promover a inclusão da norma de acessibilidade universal, neste ambiente de cotidiano a todos que são as calçadas.

Imagem extraída do Decreto 17302/11.

Imagem extraída da NBR 9050.


Para finalizar, me pergunto se este decreto que passa a valer a todos, empreendedores e proprietários de imóveis em Porto Alegre, desde de setembro de 2011, se já está sendo implantado pela própria Prefeitura Municipal, em seus próprios, de modo a manter clara a posição de "Eu faço a minha parte, e você?". Ou se a exemplo do que ocorre em relação a tantas outras leis vigentes, o lema será "Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço!".

Arquiteta e urbanista Eliana Hertzog Castilhos