Os trabalhos para a
recuperação e restauração do Viaduto Otávio Rocha, ou também conhecido como
“Viaduto da Borges”, foram iniciados. É uma felicidade trabalhar neste
projeto. Ele envolve toda a cidade e nossa história. Por isso, segue um
pequeno histórico desse monumento, para termos uma ideia da responsabilidade
e do comprometimento deste trabalho.
O Plano Geral de
Melhoramentos de 1914, atribuído a Moureira Maciel, previa entre outras
intervenções no tecido urbano de Porto Alegre, a construção da Avenida Borges
de Medeiros. Mas a obra somente saiu do papel em 1928, quando o intendente
Otávio Rocha e o presidente do Estado, Borges de Medeiros, realizaram
diversas obras consideradas “cirurgias urbanas”, que podem ser relacionadas,
devidas às proporções, às obras realizadas em Paris por Haussmann e no Rio de
Janeiro por Pereira Passos.
A execução da obra tinha como
justificativa a higiene e embelezamento da cidade – neste período estava
vigente o pensamento positivista, por isso a intenção de empregar a ideia de
progresso, através do planejamento e reformas urbanas. Anteriormente ali
existia uma pequena via – a Rua General Paranhos, que conectava a Rua General
Andrade Neves até a Rua Duque de Caxias e descia em acentuada ladeira até a Rua
Coronel Genuíno, era uma rua marcada pela criminalidade e prostituição. Além
disso, havia a necessidade de tratar o trânsito da cidade, conectando o
centro à zona sul.
A obra exigia o rebaixamento
do terreno, a interrupção da Rua Duque de Caxias e a criação de uma via
elevada para que a passagem fosse reconfigurada. A proposta é de autoria dos
Engenheiros Manuel Asumpção Itaqui e Diulio Bernardi, aprovada em 1927. No
ano seguinte começaram as desapropriações e terraplanagem. Para a execução da
obra foi aberta uma concorrência e a empresa vencedora foi a alemã: Companhia
Construtora Dyckerhoff e Widmann.
O Viaduto foi executado em
estrutura de concreto armado e revestido com cirex (massa raspada com mica).
Composto por três vãos: o central com 19,20m e os laterais com 4,80m. Dois
grupos ornamentais estão alocados nos nichos das porções centrais. O
parapeito é composto por uma balaustrada em concreto. Inaugurado em 1932, foi
considerado uma obra monumental, que transmitia a visão de uma Porto Alegre
Moderna. Em 1972, foram cedidos os pequenos compartimentos no passeio
inferior para estabelecimentos comerciais, serviços e sanitários. Por suas
características arquitetônicas e sua relevância sócio cultural, foi inscrito
pelo município no Livro do Tombo em 1988.
Em 1997 começaram a ser
feitas reformas para reparo da estrutura, lavagem geral, recuperação de
calhas e tubos de coleta. Seguindo pela atualização no sistema de iluminação,
com a sua troca. Em 1999 foi iniciada a última etapa da restauração com a
reforma dos passeios, dos revestimentos, das esquadrias, das instalações
elétricas e hidráulicas de todas as lojas, sendo concluída no ano de 2001.
Posteriormente, em 2010, foi feita uma limpeza geral e restauração do
revestimento.
Atualmente o Viaduto se
encontra em péssimo estado de conservação. Instalações elétricas, hidrossanitárias,
gás, impermeabilização, segurança, proteção contra incêndio, acessibilidade,
iluminação pública, paisagismo, mobiliário e sinalização urbana devem ser
avaliadas e recuperadas. Algumas questões relevantes foram discutidas com
relação a como a Prefeitura irá realizar esta reforma. O que não resta dúvida
é a sua necessidade.
Uma determinação do
Ministério Público impôs que a Prefeitura apresentasse projeto de recuperação
do Viaduto. Em maio deste ano, a empresa Engelplus Engenharia ganhou
licitação para a execução do projeto de restauração e recuperação estrutural
do monumento. Após a apresentação do projeto, principalmente de seu
orçamento, as questões de como a obra será executada serão discutidas.
O movimento de Preservação e
Humanização do Viaduto Otávio Rocha, promovido pela ARCCOV (Associação
Representativa dos Comerciantes do Viaduto Otávio Rocha), formada em 2005,
tem por objetivo a preservação e manutenção do Viaduto através da conscientização
da população e do poder público, a respeito da sua importância. Seus valores
vão além dos arquitetônicos e históricos, mas também humanos e culturais.
MONTEIRO, Charles. Porto Alegre: urbanização e modernidade: construção social do espaço urbano. Porto Alegre: Edipucrs, 1995. 152 p.
Estudos urbanos: Porto Alegre e seu planejamento. Porto Alegre: UFRGS: Prefeitura Municipal de Porto Alegre, 1993. 373 p. : il.
FRANCO, Sérgio da Costa. Porto Alegre: guia histórico. 4. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2006. 444 p. : il.
Athena Guimarães
Acadêmica - Arquitetura e Urbanismo
UFRGS
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Estamos realmente no caminho certo pela revitalização e humanização, pois esta demanda esta sendo construída com os movimentos sociais, culturais e entidades vinculadas ao patrimônio, em colaboração com as secretarias designadas pelo executivo para a execução deste projeto que é uma vitória conquistada, com o objetivo de resgatar esta obra única como uma alavanca de fato para o desenvolvimento turístico, cultural, junto ao nosso centro histórico.
ResponderExcluirGostaria de me desculpar a respeito de um equívoco: o projeto original do Viaduto Otávio Rocha é de autoria de Manoel Itaqui. Duílio Bernardi apresentou seu projeto para o concurso promovido na época, concorrendo com Christiano de La Paix, porém nenhum dos dois projetos foi executado. Manoel Itaqui teve o seu projeto aprovado pelo intendente na época, Otávio Rocha, mesmo sem ter participado do concurso.
ResponderExcluirmuito bem colocado, essa informação de que houve um concurso que foi desconsiderado, poucos tem conhecimento.
ExcluirFinalmente a prefeitura de Porto alegre fará alguma coisa com este exemplar único de arquitetura e de história da nossa cidade.
ResponderExcluirJonas
Acho que nao Jonas.
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