quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Audiência Pública dos Limites dos Bairros

Depois de o que passei nesta audiência publica sobre a delimitação dos bairros me vejo obrigada a postar um serio comentário sobre a nossa profissão, de arquiteto e urbanista. Poucas profissões tem a necessidade de um conhecimento tão complexo. Poucas requerem tanto tempo de experiência pratica e teórica para se poder dizer que nos tornamos um profissional pleno. Altamente desvalorizada, passamos por decoradores, por profissionais superficiais, quando na realidade, somos profissionais que fazem a diferença na vida de todos e de cada um. Das casas as cidades. Então, quando vejo um profissional de outra área coordenando um trabalho urbano, me vejo sim no direito de questionar esta legalidade. Vejam bem, não se trata de avaliar a capacidade técnica dos profissionais. Jamais me utilizaria de um evento publico para ofender alguém... Mas como arquiteta e urbanista, me vejo sim no direito de questionar. Então, foi surpreendente, mesmo escolhendo as palavras para não ofender ninguém, ser taxada publicamente de mal educada, estúpida e grosseira, por parte de um servidor publico que considerou que eu ofendi sua colega de trabalho por questionar.
Surpreendente e chocante na verdade, por que imaginei que a idéia de uma audiência publica fosse exatamente abrir o debate, abrir o espaço aos questinamentos, quaisquer que sejam, sendo que a secretaria deveria ouvir e debater estes questionamento... Debater e esclarecer... Não sou jornalista mas utilizo este blog para discutir e debater assuntos a fins de uma profissao na qual trabalho com paixão. Dedico tempo meu tempo livre, ha mais de 5 anos para fazer contribuições voluntárias ao planejamento da cidade. Então me desculpem se não consigo justificar o que vi hoje por parte de um funcionário a SPM de Porto Alegre, ao que eu saiba arquiteto, que para mim manchou a imagem de um importante evento. Ao entrar no local, elogiei a organização e como a SPM vinha ganhando espaço, como ela vinha se apropriando de forma importante dos assuntos do planejamento da cidade, dando destaque a nossa profissão.
Que o secretario Márcio Bins Ely estava conseguindo dar visibilidade a esta secretaria. Sai da audiência indignada! Sai ofendida e chocada por ver que uns e outros se acham superiores aos demais. Desconsideram a democracia em que vivemos. Consideram que estão acima da lei. Vi arquitetos achando normal a situação da coordenação de um trabalho de urbanismo ser realizados por uma engenheira agrônoma, Sra. Inês. E aqui questiono um trabalho técnico que não expõe de forma clara sua metodologia. Que não faz pesquisa de campo, mesmo tendo começado o trabalho há 7 anos (desde 2005). E me perguntei de que me adiantou todos aqueles anos de faculdade, onde saia a campo fazer levantamento, onde fazíamos pesquisas, onde tínhamos que deixar claro, objetivos, métodos, pesquisas, e comprovar que estavamos indicando a melhor alternativa.
Aprendemos que temos que integrar os conhecimentos, e na cidade real, trabalhamos com a realidade de que, quanto maior o projeto, maior a necessidade da multidisciplijaridade de profissionais. E qual melhor profissional para coordenar do que aquele que estudou, que conhece a importância das disciplinas de sociologia, estatísticas, geografia, engenharia associadas ao urbanismo. Sim, caso alguém que esteja lendo este texto desconheça, incrivelmente temos contato e estudamos todos estes temas, somo formados para isso. Mas de que vale, faça um mestrado que da no mesmo que os 5 anos ou mais de faculdade... Algo que na verdade o crea discorda. Em consulta informal ao telefone me informaram que projetos urbanos só podem ser executados por profissionais com graduação em urbanismo. esta claro na Lei Federal que nos rege. Mas afinal de que vale o crea? Novamente, vejo a máxima que muitos consideram verdade. Que qualquer um pode fazer o serviço de um arquiteto e urbanista... Quando será que vamos parar, apenas quando as cidades tiverem mais conserto? Afinal, os prédios já começaram a cair mas pareçe que ninguém deu muita importância; bem, os bons profissionais dão.
Segue fotos do público e da mesa da audiência pública:

Segue o link dos questionamentos por mim proferidos:



Arquiteta e urbanista Eliana Hertzog Castilhos

6 comentários:

  1. Toda a indignação por causa disso a SPM ta perdida. Com esses técnicos ela esta perdida
    Mateus

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  2. Não pode um Arquiteto coordenar trabalho sobre cirurgia para tratamento de cancer dentário. É se meter "de pato a ganso"! Da mesma forma não pode uma Agronoma coordenar plano urbanistico da nova delimitação dos bairros de Porto Alegre. Vamos organizar isto, "cada um no seu quadrado!" Repudio a forma de tratamento que foi dada a Arquiteta Eliana, eleita Delegada do Forum da Região Um de Planejamento Urbano e Ambiental para gestão 2012 e 2013.

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  3. Ibirá, obrigada pelo apoio. Até agora a SPM não entendeu que o que eu questionei foi a atribuição legal e não a competência da profissional e que isto são coisas bem distintas... O pior é ser taxada como alguém que só quer tumultuar quando na verdade quero é ver a profissão de urbanista valorizada.

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  4. Eliana, deixe claro quem foi o responsável pois devemos cobrar uma providência sobre isso, delegada ou não qualquer um pode questionar e o papel deles é nos esclarecer.
    Pedro

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  5. Tudo é possível nesta Prefeitura. Engenheira Agronoma (nada contra em ser Eng. Agronoma, o campo precisa muitas/os), que não é do "ramo", coordenando um GT que exigiria uma titulação superior de Urbanista/Arquiteta? Desconfio muito desse trabalho e seus reais objetivos. Não por acaso durou uma eternidade. Acho que a Prefeitura deveria ser acionada judicialmente.Fazem o que querem ilegalmente e fica por isso mesmo?....

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  6. Concordo em grande parte com o Junior, a engenheira não tem o estudo suficiente para realizar a coordenação de um trabalho deste tamanho. E pelo que vimos nas audiências é ela quem realizou o trabalho, ou seja as arquitetas envolvidas só emprestaram os nomes, espero que a prefeitura não cometa o erro de impor isso sobre a comunidade.
    Temos que criar um movimento: Márcio abara o olho que a situação esta ficando temerária.
    Francisco

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