quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Anita Mais Verde, um movimento que esperamos que ganhe força e voz.

Divulgo aqui neste blog o texto do arquiteto Ibirá Lucas, que contou com a nossa contribuição (Alan e Eliana) no sentido de solicitar a revisão do projeto da Anita Garibaldi, que preve a remoção de um significativo número de exemplares (ver mais informações no blog http://www.anitamaisverde.blogspot.com/).
Divulgo não pelo fato de querer sem contra a Prefeitura ou algo do gênero. Ao contrário, acho que esta gestão, como poucas, está fazendo e propondo mudanças significativas para cidade e chamando a cidade a se manifestar, princípio ideológico de qualquer democracia.
Não se trata portanto, de ser contra e sim de pedir o debate. Em especial quando os impactos são tão significativos.

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Parecer sobre o projeto da passagem de nível (trincheira) na Rua Anita Garibaldi.
Há muito tempo se têm ciência da importância da contribuição popular no desenvolvimento do planejamento das cidades, não só pela questão democrática em si, como também pela análise quem será ou já é o usuário destes espaços. Ao mesmo tempo, se sabe a importância da questão técnica no desenvolvimento de projetos, razão pela qual este “casamento” é bem vindo e necessário.

Um projeto urbano muito antigo, para ser implantado, deve ser repensado pelos técnicos uma vez que a cidade é mutante e varia com o passar dos anos. Não só isto, também deve ser validado pelas comunidades para ser executado. Não se pode simplesmente adotar um projeto, de grande impacto, se a cidade para o qual foi pensado já mudou. Neste caso consideram-se que já passou o seu prazo de validade, afinal projetos urbanos em geral são pensados para horizontes de 10, 20 ou até 30 anos. O projeto apresentado é do tempo da IIIª perimetral, ou seja, projetado e aprovado no Plano Diretor de 1979, na década de 70, há cerca de 33 anos, já fora do prazo de validade (na verdade de validade das análises urbanas), devendo ser reapresentado para discussão democrática, e obter pareceres dos moradores e de seus representantes técnicos e políticos de instâncias legais.

Para o cruzamento entre a Avenida Carlos Gomes e a Rua Anita Garibaldi, nos tempos da IIIª perimetral, foi proposta uma passagem denomina de Trincheira semelhante a um túnel ou viaduto. Esta proposta faz rebaixamento na Rua Anita resultando níveis diferentes no cruzamento. Para isto propõe o alargamento da Rua Anita em dez (10) metros. Hoje alargar a Rua Anita Garibaldi em dez metros é um absurdo. O impacto ambiental é demasiado para a região. Neste espaço existe micro clima instalado. Sessenta (60) árvores serão cortadas, será desmontado o clima na região.

Esta obra será geradora de alto impacto de vizinhança, aumentará o asfaltamento e a concretagem, resultando em aumento da inércia térmica, aumento do aquecimento e principalmente a trincheira gerará ruído sonoro de tipo hoje não existente na região. Será fator de poluição sonora excessiva.

Resumindo: Uma obra com alto impacto de vizinhança, geradora de poluição sonora, geradora de aquecimento regional, que proporciona agressão ao meio ambiente e desmonte do micro clima.

Esta obra necessita ser validada pela comunidade, somos uma cidade reconhecida por participação popular e gestão democrática. Não só isso, já é tempo de se pensar alternativas ao transporte individual de veículos. É preciso qualificar o transporte público, ou seremos condenados a uma cidade onde o carro vale mais do que os pedestres e os próprios moradores.

Arquiteto e Urbanista Ibirá Santos Lucas

Fórum de Planejamento Urbano e Ambiental da Região Um – RP1

Conselheiro no Planejamento Urbano e Ambiental – CMDUA/RP1

Minha crítica a Porto Alegre, independente da gestão, sempre foi a da ausência de um plano global para a cidade. Nosso Plano Diretor, devido aos Projetos Especiais, cria monstros e distorções, impedindo um planejamento global. Cria bolsões altamente densificados, onde o trânsito é caótico e onde a solução pode ser mais danosa ainda.
Estão passando no Conselho do CMDUA empreendimento em áreas com mais de 400 hectares. Que no futuro criam impactos que cada vez mais devem ser pensados, não só pela prefeitura mas também pelos empreendedores e os profissionais que projetam tais empreendimentos.

Arquiteta e Urbanista Eliana Hertzog Castilhos

4 comentários:

  1. Mais uma vez o governo ignora o próprio cmdua impõem os seus projetos, e como sempre eles não refletem as necessidades nem os anseios da população. Então eu questiono: para quem esse governo governa?
    Roberto

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  2. Por que a opção da prefeitura é sempre pela derrubada das arvores, o responsável só pode ter um problema com isso, não é normal.
    Ana

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  3. Divulguem no face talvez assim mais pessoas se questionem sobre os desmandos da prefeitura.
    Marcelo

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  4. Quantos anos tem esse projeto?
    Porque não consultar a comunidade?
    Quem vê isso de fora não vai acreditar que se trata de Porto Alegre a capital mundial da participação popular, no fundo é tudo teatro quando o assunto importa quem decide é o governo e pelo que vemos sem nenhum conhecimento real do assunto que mais importa, que é o que a comunidade quer.
    Luís

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