1 Localização privilegiada
Para o urbanista, a localização do porto não pode ser melhor dentro da Capital. A grande circulação de pessoas e a beleza da área são promissoras. A única barreira apontada é o trem, que impede a ligação do Centro com o porto entre as estações Rodoviária e Mercado.
2 Perspectiva de grande fluxo
A instalação de lojas, restaurantes, escritórios e centros culturais no espaço entre a Rodoviária e as proximidades da Usina do Gasômetro, tornará o local atrativo para a população, garantindo movimentação e viabilidade econômica para os empreendedores.
Parte das opções de lazer deverão ser gratuitas, para que toda a população usufrua do contato próximo ao Guaíba. A diversificação das atividades e das opções oferecidas deve ser buscada, para ampliar o interesse de diferentes públicos.
3 O entorno valorizado
Com a revitalização do porto da Capital, o urbanista avalia que se abrirá a possibilidade de todo o entorno melhorar junto. A tendência, observada em outras cidades do mundo que recuperaram seus portos, é de que o aporte de recursos incentive outros empreendedores a investir na mesma região.
Em vez da competição entre os comerciantes do porto e os estabelecidos do lado de fora, o espanhol prevê que a revitalização terá a capacidade de estreitar a relação entre os dois segmentos, em que ambos se reforçarão mutuamente.
Na cidade espanhola de Valência, a realização de uma competição esportiva de vela serviu como pontapé para a construção de um moderno edifício chamado Veles e Vents na área portuária, e a consequente renovação de todo o entorno.
4 Uma rica arquitetura
Os contornos arquitetônicos dos antigos armazéns e a referência histórica simbolizada nos gigantescos guindastes situados junto às águas devem ser destacadas no processo de revitalização. Vázquez destaca que o Cais do Porto é a identidade de Porto Alegre.
5 O Guaíba como cenário
A proximidade com as águas do Guaíba deve ser aproveitada. O cais que no passado servia para o ancoramento de navios é visto como uma grande “sacada urbana”, permitindo vista panorâmica do rio.
6 Utilidade para toda a cidade
Mais que ser rentável para os empreendedores dispostos a investir na área, o projeto tem de ser útil para as pessoas e preservar características locais.
O espanhol ressalta que nenhum projeto vale a pena se não for bom para a cidade como um todo. E ele vê, no Cais do Porto, potencial para que a revitalização cumpra esse papel.
7 Chance de atenuar o muro
Sem entrar na polêmica da remoção ou permanência do Muro da Mauá, Vázquez avalia que o muro é importante como proteção contra cheias e isolamento acústico do barulho dos carros e ônibus que passam pelo Centro. Deverão ser estudadas formas de atenuá-lo na paisagem.(Zero Hora)
As posições do arquiteto são coerentes com o projeto apresentado pelo seu grupo, divulgado no portal ArcoWeb: http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/jaime-lerner-arquitetos-associados-b720-fermin-vazquez-arquitecto-revitalizacao-urbana-13-04-2011.html
o qual tomo a liberdade de reproduzir com os devidos créditos aos seus autores:
O plano urbanístico do complexo é do escritório Jaime Lerner Arquitetos Associados, de Curitiba, e o esboço arquitetônico das edificações, do estúdio espanhol b720 Fermín Vázquez Arquitectos, mas em vários momentos os dois trabalharam em colaboração.
(...)
O consórcio é responsável pela construção, manutenção, conservação, melhoria, gestão, exploração e operação do empreendimento, que se complementa com a implantação de edifícios empresariais, culturais, de lazer, entretenimento e turismo.
A intervenção está dividida em três setores: Gasômetro (37 mil metros quadrados), Armazéns (86 mil metros quadrados) e Docas (64 mil metros quadrados).
(...)
Setor Gasômetro1. Centro comercial
Setor Armazéns
2. Beira-rio / 3. Deques / 4. Via interna / 5. Armazéns / 6. Pórtico principal / 7. SPH / 8. Terminal hidroviário / 9. Praça de sombra
Setor Docas
10. Hotel e centro de negócios / 11. Centro de negócios / 12. Frigorífico / 13. Beira-rio / 14. Via de acesso
15. Principal acesso de veículos
O primeiro corresponde ao trecho final da avenida Mauá, em frente da praça Brigadeiro Sampaio e ao lado da usina do Gasômetro. O setor Armazéns, que tem cerca de 1,4 mil metros de frente para o Guaíba, equivale ao território paralelo à avenida Mauá e vai do mercado público até a praça Brigadeiro Sampaio.
Trata-se, segundo o diagnóstico do plano, da parte mais limitante dos trabalhos, uma vez que vários imóveis no trecho são protegidos pelo patrimônio histórico.
Também paralelo à avenida Mauá, o setor Docas tem cerca de 400 metros de frente para a água e abrange o trecho entre a rodoviária e o mercado público - nesse segmento estão as docas de atracação do antigo porto, galpões utilizados como depósitos, um antigo frigorífico e a praça Edgard Schneider.
No setor Gasômetro, o projeto deu ênfase às atividades comerciais, que estarão abrigadas em uma edificação baixa e integrada ao entorno. Ela abrirá o circuito e estará ligada ao Centro Cultural Usina do Gasômetro e à sequência da orla, fortalecendo a frente fluvial da cidade.
As construções, informam os autores, não vão obstruir a relação entre Porto Alegre e o Guaíba. A conexão do setor com a praça se fará através do rebaixamento da avenida João Goulart, permitindo uma nova ligação entre o cais e a cidade.
(...)
É no setor Armazéns que se situam os espaços destinados a cultura, lazer, gastronomia, educação e artesanato. A proposta para essa área procurou minimizar as interferências visuais, que buscarão apenas complementar e valorizar os elementos existentes em função de seus novos usos.
O plano considera esse setor estratégico para a intervenção, uma vez que permite uma série de costuras entre o cais e o tecido urbano circundante, além de consolidar um nó intermodal de transporte coletivo, próximo da praça Revolução Farroupilha.
O maior impacto no setor Docas virá da implantação de três torres, que deverão reanimar uma área hoje considerada pouco dinâmica. A vocação do setor, antevê o plano, é acolher as âncoras empresariais e hoteleiras do complexo.
Por conter fluxos viários metropolitanos e urbanos, o setor receberá um dos principais bolsões de estacionamento. Situado na terceira doca, o antigo frigorífico se tornará espaço cultural e de convívio."
O plano considera esse setor estratégico para a intervenção, uma vez que permite uma série de costuras entre o cais e o tecido urbano circundante, além de consolidar um nó intermodal de transporte coletivo, próximo da praça Revolução Farroupilha.
O maior impacto no setor Docas virá da implantação de três torres, que deverão reanimar uma área hoje considerada pouco dinâmica. A vocação do setor, antevê o plano, é acolher as âncoras empresariais e hoteleiras do complexo.
Por conter fluxos viários metropolitanos e urbanos, o setor receberá um dos principais bolsões de estacionamento. Situado na terceira doca, o antigo frigorífico se tornará espaço cultural e de convívio."
Texto de Adilson Melendez
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 372 Fevereiro de 2011
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Edição 372 Fevereiro de 2011
A reportagem em si não faz uma análise do projeto. Mas queremos aqui manifestar nossa opinião sim sore a proposta. Até mesmo por que, ao início destas postagens, assumi um compromisso de me posicionar em relação a este projeto.
De tudo o que li e vivenciei relacionado ao projeto, a verdade inequívoca é que a cidade quer este equipamento, com funções relacionadas ao lazer da cidade. São incontáveis o número de pessoas e profissionais que já estudaram este espaço, que já se manifestaram sobre este espaço.
Não só isso, o projeto hoje apresentado reflete muito do que a cidade quer. Se mantém sua história, através dos armazéns e se busca o novo, através de uma arquitetura mais contemporânea. Junto ao gasômetro, a proposta o mantém enquanto elemento arquitetônico soberano. E no fim, o muro e a proteção que ele representa estão aí.
Após mais de 20 anos de discussões e entraves políticos, parece que agora chegamos ao ponto em que todos devem ceder um pouquinho para que a cidade volte a ter este espaço que sempre foi seu, mas que durante muitos anos ficou esquecido por traz do muro que até hoje faz a sua e a nossa proteção.
Ao fim, espero apenas que o tratamento deste projeto seja além do vandalismo que andamos acompanhando nas ruas da cidade. Afinal, é um patrimônio que está sendo devolvido a todos.
Arquiteta e urbanista Eliana Hertzog Castilhos
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