sexta-feira, 29 de julho de 2011

Projeto Cais Mauá, uma revitalização há muito esperada. Post 1.

Há tempos que pensamos (até recebemos pedidos) em escrever sobre o Cais Mauá e o projeto de sua revitalização. Escrever sobre este tema, porém, não é tarefa fácil. Não só há uma série de polêmicas relacionadas ao tema, como sua relevância exige que quem escreva sobre o mesmo, necessariamente, se posicione: ou contra, ou a favor.
Para se posicionar, é preciso entender e saber um pouco de tudo o que já ocorreu. E devido a complexidade e ao tempo, resolvemos escrever sobre o assunto em 3 posts, qque serão publicados hoje, amanhã e domingo.
O primeiro sobre a história e o projeto Porto dos Casais, de autoria do arquiteto Alberto Adomille.
O segundo, já sobre as proopostas que foram encaminhadas no momento da licitação da área, em 2007.
E o terceiro e último, sobre o projeto que será implantado, de autoria dos escritórios Jaime Lerner Arquitetos Associados e b720 Fermín Vázquez Arquitecto

Há muito se discute o destino desta área. Muitas restrições de modernização técnica da área ocorreram devido ao tombamento dos armazéns por parte da equipe de patrimônio. E estas restrições acabaram por inviabillizar a continuidade da área enquanto porto, deslocado para o agora modernizado Cais Navegantes.
A então área remanescente, por muitos anos esquecida por muitos portoalegrenses, sempre esteve presente nas mentes criativas dos arquitetos, que viam nela a possibilidade de ter um ambiente único. Onde a ambiência construída junto ao Guaíba se apresenta de forma diferente de todas as outras áreas da Orla.
Desde 1991, há estudos e inciativas vinculadas ao Cais Mauá. Já neste ano, a Prefeitura havia lançado o Caminhos Porto, onde um total de 5 armazéns, receberiam funções específicas, como restaurantes e museus.
Em 1992,  a Prefeitura e o governo do Estado tentaram transferir para a área as linhas de ônibus do centro de Porto Alegre. Talvez a ideia mais infeliz, considerando o potencial do espaço em si. Chegaram até a assinar um protocolo, mas felizmente o projeto não foi levado adiante.
Mais um tempo se passa e em 1995, há consciência do espaço, do seu valor e da necessidade de sua revitalização.  O governo estadual propõe um plano de revitalizar uma área formada pelo pórtico central e os conjuntos de armazéns, que se materializa através de um concurso público para a área.
No ano seguinte, em 1996, o Projeto Porto dos Casais, do arquiteto Alberto Pio Adomilli, vence o concurso.
Em 1998, o governo estadual lança formalmente o projeto Porto dos Casais, que previa casa noturna, centro de compras, marina, dois hotéis, um prédio comercial de alta tecnologia, restaurantes, teatro, uma sede para a Ospa e a substituição do Muro da Mauá por blocos móveis.




(foto retirada do blog Porto Imagem)






(fonte: http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?p=60975323)

Apesar da boa repercusão do projeto, o mesmo continuou engavetado durante mais alguns anos. Seus custos de implantação e as discordâncias políticas entre governos estaduais e municipais não levaram o assunto à frente. O arquiteto responsável pelo projeto chegou a receber o título de arquiteto do ano:
"Depois de conquistar a premiação do governo do Estado do Rio Grande do Sul no concurso "Porto dos Casais", o ítalo-gaúcho Alberto Adomilli recebeu o título de "Arquiteto do Ano" conferido pelo Sindicato dos Arquitetos-RS. O título, em sua primeira edição, considera o conjunto da obra, a atuação e comportamento ético-profissional dos indicados. Sua recente participação no concurso "Porto dos Casais" foi considerada irretocável pelos técnicos presentes à audiência pública, onde demonstrou extremo conhecimento das técnicas, materias e custos envolvidos em sua proposta. No total, a área construída do projeto atinge 149 mil m2.http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/71/imprime24021.asp

Em 2000, novo projeto foi lançado por parte do governo do Estado. agora para um Complexo Industrial Cais de Cinema, com cinemateca, centro técnico e audiovisual e estúdios de cinema. Nova iniciativa sem sucesso. Afinal, o que se buscava era a revitalização total da área, proposta no projeto Porto dos Casais.
O governador gaúcho então, em 2003, cria a comissão para reavaliar o Porto dos Casais, afinal o projeto já havia sido elaborado há mais de 5 anos. Esta comissão decide reaproveitar o projeto, recomendando apenas a manutenção do Muro da Mauá. E em 2004, um plano de recuperação é relançado, mas novamente as divergências entre Estado e Prefeitura, tracam o processo.









Neste meio tempo, o empresário local Eduardo Bier chegou a estudar a implantação de uma de suas casas noturnas, a Dado Bier, no local do antigo armazém das tesouras, junto ao prédio do Gasômetro. As fotos à cima nos dão uma idéia do interior belíssimo do antigo armazém. A iniciativa também não foi a frente devido, segundo muitos, a interesses políticos. O incêndio que destruiu completamente o armázem das tesouras teria colocado fim à idéia mas novamente o empresário fez uma proposta de reocupação da área, novamente sem sucesso.
(imagens: Porto Imagem)


Em 2007, novas diretrizes para o Porto. Após mais de 10 anos após sua elaboração, o projeto Porto dos Casais é descartado em definitivo. Novos estudos começam a ser feitos para a área, o que inclui um novo plano diretor a ser definido em conjunto com a iniciativa privada, através de licitação específica.

Durante a consulta pública para a revisão do Plano Diretor de Porto Alegre, grupos sociais propõem a queda do muro da Mauá.

Em 2008, é realizada a licitação para a exploração da área do Porto, pelo período de 25 anos. Este é o tema do Projeto Cais Mauá, uma revitalização há muito esperada. Post 2.

Arquiteta e urbanista Eliana Hertzog Castilhos

Contribuição de informações do site: http://www.skyscraperlife.com/projetos/15818-porto-alegre-rs-revitalizacao-do-cais-maua.html

Um comentário:

  1. Muito obrigada por lembrar do concurso 2Porto dos Casais" de 1996. Eu gostaria de esclarecer um ponto; o concurso foi vencido por um grupo de arquitetos coautores do projeto: O professor Adomilli, e os arquitetos Patricia Moreira Moura, Eduardo Rota Neves, Felipe de Souza Lima Pacheco e eu, Daniela Corbellini.

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