Já fazem alguns meses que os nossos clientes veem trazendo este questionamento sobre a necessidade de certificar os seus empreendimentos e desta forma nossos projetos também, sendo assim resolvemos postar uma parte de uma reportagem da Revista Arquitetura e Construção - Caderno Especial: Construção Sustentável, de dezembro de 2010. E claro tecer nossos comentários sobre o que consideramos mais importante.
Quanto custa certificar? Por Giuliana Capello.
Essa é a pergunta que todo empreendedor faz quando o assunto são os selos de greenbuilding para edifícios. Mas, afinal, que conta é essa e quem paga por ela?
Já faz algum tempo que a economia global acordou para um fato importante: buscar sustentabilidade é também zelar pelos negócios. Em 2006, o economista britânico Nicholas Stern parou o mundo ao apontar as emissões de CO2 como a principal causa do aquecimento global e sugerir que, se nada for feito, o planeta sofrerá catástrofes ambientais da ordem de 20% do PIB mundial até 2050 (algo hoje em torno de US$ 10 trilhões). Os números são impressionantes - ainda mais no caso da construção civil. "O setor consome 40% de todos os recursos naturais do planeta", lembra Luiz Henrique Ferreira, da Inovatech Engenharia, de São Paulo. O Conselho de Green Building dos Estados Unidos (USGBC) credita ao segmento absorção de 40% da energia produzida no mundo e 30% do uso da água potável do globo.
A fama de vilão, porém, pode mudar se os agentes souberem transformar urgência em oportunidade. É nisso que apostam os pioneiros do greenbuilding no Brasil. "O mercado está exigindo prédios mais eficientes, que se mantenham atuais por mais tempo. Triple A [prédio corporativo de alto padrão] com certificação, por exemplo, é obrigatório", diz Luis Fernando Bueno, diretor de operações para terceiros da Gafisa. Fabiana Perez, gerente da JHSF, resume: "A sustentabilidade vai pelo caminho da ISO 9000. Quem não tiver a certificação ficará de fora".
Até esse ponto já podemos observar que o mercado esta mudando e agora ele esta exigindo mais das empresas de projeto, elas precisam ser eficientes mas também antenadas nas novas tecnologias, tecnologias essas que além de possuirem bons custos também deveram estar alinhadas com o conceito de sustentabilidade.
SIM, CONSTRUIR PARA TER SELO VERDE CUSTA UM POUCO MAIS.
Esse extra depende dos hábitos de trabalho de cada empreendedor. "Um estudo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostrou que o desperdício numa obra atinge de 11 a 15% do seu custo. Já os diferenciais de sustentabilidade, que imprimem qualidade ao empreendimento, representam um desembolso de 5 a 10% do valor total", afirma Nelson Kawakami, diretor-executivo do Green Building Council Brasil, o GBC. Para Luiz Henrique Ferreira, o valor desse investimento depende da linha de base da construtora. "Se ela mantém bons contratos trabalhistas, compra materiais com nota fiscal e faz a gestão dos resíduos, não vai gastar muito mais para ser sustentável", fala. E segue: "quanto antes se pensar no assunto, menor será o custo, pois muitos itens poderão ser incorporados na arquitetura, e não na forma de equipamentos de ponta para remediar falhas de projeto".
• 40% de todos os recursos naturais disponíveis no planeta são consumidos pelo setor da construção civil.
• Para ter um produto sustentável, 48% dos consumidores brasileiros aceitariam pagar até 10% mais.
• 5% do custo total da obra é o investimento médio que as construtoras estão fazendo nos prédios verdes.
O que vejo ser muito importante e não destacado até aqui é o fato de se o seu empreendimento consegue diminuir o desperdício no fundo ele também esta sendo sustentável, pode parecer uma obviedade mas o desperdício em obras no Brasil é um verdadeiro absurdo.
E SE O QUE IMPORTA SÃO OS BENEFÍCIOS PARA O EMPREENDEDOR...
Está por um fio o discurso de que não vale a pena investir um pouco mais porque quem se beneficia são os usuários, e não quem constrói. Numa pesquisa realizada este ano pela consultoria americana Penn, Shoen & Berland Associates (PSB), 73% dos brasileiros garantem que gastariam mais consumindo produtos ecologicamente corretos. Outro levantamento feito aqui, pelo grupo francês Havas, mostrou que 48% estariam dispostos a pagar até 10% mais por um produto sustentável. "Isso já está acontecendo com os clientes corporate, que só querem saber de prédios eficientes", conta Marcelo Takaoka, presidente do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS). Com compradores mais exigentes, já é possível elevar um pouco o preço de venda, apostando na demanda de greenbuilding e na tendência de queda do valor do condomínio causada pela redução no consumo de água e energia na operação do imóvel. "Sem falar que o construtor ganha em velocidade de venda e gasta menos com estandes, vendedores e material de publicidade, o que reflete na taxa de retorno do empreendedor e na imagem da empresa", diz Paola Figueiredo, vice-presidente executiva do Grupo SustentaX.
O benefício para o empreendedor é claro: melhor empreendedor é quem constroí o que tem de mais moderno; melhor o empreendedor que esta ligado a proteção do meio ambiente; melhor o empreendimento que gasta menos para ser mantido; melhor o empreendimento que já foi certificado.
QUANDO O INVESTIDOR É O FUTURO USUÁRIO.
Os especialistas são categóricos: ao longo de sua vida útil, 80% do custo total de um edifício equivale à etapa de operação e apenas 20% à de construção. Isso significa que quem investe um pouco mais para ampliar a ecoeficiência do empreendimento do qual será também usuário obtém retorno rápido por meio da redução dos gastos operacionais, principalmente com água e energia. "A Valia, fundo de pensão da Vale, só comprou metade de um prédio do Cidade Jardim Corporate Center [em obras em São Paulo] porque ele tem certificação AQUA, o que deverá manter o prédio valorizado e gastando menos com manutenção", conta Manuel Martins, coordenador do Processo AQUA, da Fundação Vanzolini. Em números gerais, a estimativa de redução do consumo de água num edifício certificado é de 30% (em razão dos metais sanitários economizadores e dos sistemas de reúso). Já a queda no consumo de energia gira em torno de 15%, graças a soluções de arquitetura, materiais de alto desempenho e equipamentos mais eficientes. "Construir para administrar e ser usuário é tendência entre os prédios certificados, ainda mais no caso dos corporativos", avalia Nelson Kawakami, do GBC Brasil.
Infelizmente este conceito ainda não é muito difundido no Brasil, mas por isso estamos divulgando aqui, tentando demonstrar tudo que se pode fazer.
ALUGUEL MAIOR E CONDOMÍNIO MENOR
Esses dois aspectos parecem compor o mantra dos empreendimentos certificados. Geraldo Bernardes, diretor de Sustentabilidade da vice-presidência de Administração Imobiliária e Condomínios do Secovi-SP, esteve nos Estados Unidos para um encontro sobre o tema. "Voltei com números importantes para o mercado, que devem estimular a busca pela certificação", relata, referindo-se a pesquisas do Institute of Real State Management (IREM). Segundo a entidade, prédios verdes americanos tiveram queda no custo do condomínio de 13,6% entre 2005 e 2008. Já o valor desses edifícios - residenciais e comerciais - subiu 10,9%. O preço do aluguel também indica bons ventos para as versões de imóveis sustentáveis: chegam a custar até 25,7% mais. "O mercado está caminhando rapidamente nessa direção e, para os empreendedores, o argumento de marketing é enorme", afirma Geraldo. "Até hoje só se falava em custo extra, mas a partir de agora os players [agentes do mercado] vão enxergar os benefícios que eles podem ter com a certificação", completa. Esse é o caso do Eldorado Business Tower, em São Paulo, cujo valor do aluguel chega a ser 20% maior do que o dos vizinhos similares não certificados. O condomínio, por sua vez, custa hoje metade do que se pagaria num Triple A mais convencional: R$ 9,35 o m², contra até R$ 20 o m². "Sei do caso de um prédio novo que teve de passar por uma reabilitação porque não conseguia ser alugado. Aos poucos, os projetos ineficientes estão sendo rejeitados pelo mercado", comenta Marcelo Takaoka.
São Paulo já demonstra isso em diversos empreendimento imobiliários os maus projetos estão sendo refeitos pois o mercado começa a ver o que existe de bom e o que não passou no crivo da qualidade, e a certificação apenas demonstra isso muito rapidamente.
SÍNDICOS VERDES
A eficiência energética apresenta grande potencial na redução das emissões de gases do efeito estufa, e também na criação de empregos, aponta um relatório de 2008 do Worldwatch Institute (WWI). De acordo com Adalberto Maluf, diretor em São Paulo da Fundação Clinton, a política de empregos verdes do presidente americano Barak Obama considera a qualificação da mão de obra para obras de retrofit e para a manutenção de edifícios verdes parte vital do programa. "Acredito que no Brasil faltem empresas especializadas nesse segmento, assim como técnicos capazes de fazer a manutenção, criar protocolos de procedimentos e treinar funcionários para garantir a eficiência dos equipamentos instalados - e o desempenho ambiental esperado", diz Adalberto. Segundo o relatório, é provável que esses empregos sejam destinados a engenheiros e arquitetos, acrescidos de novos conhecimentos. Faz sentido. Uma pesquisa da Fundação Instituto de Administração (FIA) da USP aponta que gerentes de ecorrelações e engenheiros ambientais serão os mais procurados do mercado em 2020, sinal da nova economia verde.
A HORA DA REABILITAÇÃO.
Mérito à parte, será que a ação das construtoras - que está apenas no início - de investir passo a passo em sustentabilidade será suficiente para mudar o rumo dos impactos ambientais provocados pelo setor? "Mesmo que todos os novos prédios passassem a ser construídos com princípios de greenbuilding, não daria tempo de vermos resultados ambientais significativos", lamenta o consultor Luiz Henrique Ferreira. O gargalo, segundo ele, está na reabilitação dos edifícios existentes, algo começando a ser também uma modalidade de certificação interessante, em que os investidores sentem os resultados no bolso - e rapidamente. "Participo de um projeto que deverá gerar economia de 80% de energia só com a troca do sistema de ar condicionado", exemplifica.
"Aos poucos, os projetos ineficientes estão sendo rejeitados pelo mercado"
Marcelo Takaoka, presidente do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS)
O mercado irá definir o nível de exigência das certificações, mas para que seus impactos realmente sejam vistos a disseminação em todos os edifícios deverá ser exigida pela sociedade, seja no voto, seja nas associações de bairro seja na exigência ao seu arquiteto quando o mesmo for executar algum projeto para você, a certificação pode ser, LEED, AQUA, Procel, qual quer uma, desde que esta preocupação seja respeitada no projeto arquitetônico.
ETIQUETA VERDE
O primeiro selo de greenbuilding foi estampado num empreendimento brasileiro há menos de quatro anos. De lá para cá, outros 22 edifícios concluídos conquistaram os certificados LEED (Leadership in Energy and Environmental Design) e AQUA (Alta Qualidade Ambiental), além dos 21 que receberam a etiqueta do Procel Edifica. Há ainda o novo Casa Azul, da Caixa Econômica Federal, com cerca de dez projetos em fase de análise, e o inglês BREEAM (Building Research Establishment Environmental Assessment Method), que flerta com um grupo de incorporadores brasileiros.
O prédio mais famoso e único classificado como platinum na LEED é o
Eldorado Business Tower, o qual posto algumas imagens abaixo, estas retiradas do site Skyscrapercity Link Eldorado Business Tower.
Abaixo segue um breve resumo sobre a LEED:
LEED - Leadership in Energy and Environmental Design ou Liderança em Energia e Design Ambiental:Desenvolvido pelo Conselho de Green Building dos Estados Unidos (USGBC), esta certificação aportou com força no Brasil no final de 2006, com a criação do Green Building Council Brasil, espécie de filial da entidade que trabalha na divulgação do certificado, bem como no treinamento de profissionais e na promoção e adaptação de leis e regras capazes de incentivar a construção sustentável no país. "O LEED é um instrumento de educação para todo o setor, em que todos saem ganhando", afirma Nelson Kawakami, diretor executivo do GBC Brasil.
Categorias: Novas Construções; Fachadas e Áreas Comuns em Prédios Comerciais (Core and Shell); Operação e Manutenção de Edifícios Existentes e Interiores Comerciais.
Critérios de avaliação: o empreendimento precisa contabilizar créditos nos checklists relacionados aos temas Localização, Uso racional de água, Energia e Atmosfera, Qualidade ambiental interna e Materiais e Recursos, que somam até 110 pontos. Há ainda um sexto item destinado à Inovação.Níveis: dependendo da pontuação atingida, o empreendimento é classificado como Certificado (49), Silver (59), Gold (79) ou Platinum (acima de 80 pontos).
Como funciona: o empreendedor registra o projeto no sistema de certificação do Green Building Council Institute pelo site www.usgbc.org e paga uma taxa de US$ 400. Depois, compõe uma equipe - que pode ou não contar com uma consultoria de profissional LEED AP (acreditado pelo LEED) - para acompanhar o processo e enviar relatórios à certificadora nas fases de projeto, além de memoriais de cálculo, relatórios de obra e testes de comissionamento. Ao término da obra, ocorre a avaliação final e o empreendimento recebe a certificação de acordo com os créditos acumulados.
Custo: cerca de R$ 1 por m², com valor mínimo de R$ 5 mil para construções com até 5 mil m² e máximo de R$ 50 mil para obras acima de 50 mil m²
A fila de candidatos à certificação no Brasil chega a 270 projetos. "É pouco, já que somente no estado de São Paulo existem 80 mil condomínios residenciais. Mas esse movimento está mudando no mercado imobiliário", avalia Luiz Henrique Ferreira, da consultoria Inovatech Engenharia. Para ele, as certificações ajudam a promover a construção sustentável, sobretudo quando a conquista do selo é resultado de um trabalho bem-intencionado, e não um fim em si.
De todo modo, eles atestam as condições de obra e projeto que viabilizam o funcionamento ecoeficiente do edifício (a certificação de uso e operação é mais recente). "No início bastava ter um selo para se diferenciar. Agora que a oferta cresceu, já tem comprador olhando para o tipo de selo", diz Marcelo Takaoka, presidente do Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS). Saiba como funcionam essas certificações.
Arquiteto e Urbanista Alan Cristian Tabile Furlan
Vocês já realizaram algum projeto certificado ou para certificação?
ResponderExcluirJB
E eu que pensava que só precisava de uma planta!
ResponderExcluirJucemar