Ontem, após assistir a apresentação do escritório do arquiteto Jaime Lerner do projeto da Nova Orla do Guaíba saí da reunião com a certeza de que a crítica da arquitetura é algo que não mais existe. Nos subjulgamos ao politicamente correto, e nos recusamos a apontar erros grotescos sob o medo de ser mal interpretados. Portais de arquitetura polvilham pela web sem avaliar nada nem ninguém rasgando sonhos dos nossos antepassados que ousavam criticar e propor algo novo.
O que diria Le Corbusier sem seu Plano Voisin, contrário à então predominante estética da Cidade Jardim... se seguisse o padrão atual, não diria nada! Não estou defendendo nem um nem outro. Estou defendendo o poder criticar, discordar e debater estas questões abertamente.
Nos tornamos hipócritas ao achar tudo lindo desde que venha com uma assinatura "famosa". Toda uma nova geração de arquitetos se rende a renders que embelezam mas não garantem o funcionamento a arquitetura, nem sua forma, nem sua técnica. Nos perdemos em nós mesmos sem perceber que a juventude poderia estar propondo algo novo. Ao contrário, suprimimos nossa própria opinião, subjulgada a imagens fascinantes mas nem sempre palpáveis. Posts anônimos ou não borbulham em redes sociais, blogs, twitters e tantas outras mídias sociais, mas a crítica pensada, ousada, inovadora, esta sumiu. Sob o manto do da divulgação de informação imparcial (como se fosse possível ao ser humano ser imparcial) não há mais a crítica da arquitetura. Esta pelo visto morreu...
Percebo hoje um vazio... que parte de todos. Não aceitamos a crítica, e com isso não aceitamos crescer, melhorar, evoluir. Seguimos aceitando projetos, muitas vezes medíocres, que interferem na vida de todos, mas ainda assim aceitamos, baseados numa marca dos "grandes profissionais" que nem nós mesmos sabemos se ainda existem ou são capazes de produzir uma arquitetura verdadeiramente singular.
Resta a pergunta, o que sobra para o futuro da arquitetura?
Arquiteta e urbanista Eliana Hertzog Castilhos
a seguir o que demonstrou o arquiteto jaime lerner, é realmente preocupante. Um projeto semlógica geral, um completo experimento proposto sem comprovação ou aprofundamento necessário.
ResponderExcluirJonas
Critica que critica, desde que eu estou acompanhando os projetos da cidade eu não vejo critica alguma a prefeitura nunca critica ninguém eu até imagino que falte capacidade.
ResponderExcluirPara que ninguém pense que é da boca para fora, alguém lembra de criticas aos seguintes projetos pela prefeitura de Porto alegre:
Projeto do estaleiro só
Projeto do internacional, usando espaço além do permitido, não sei explicar bem mas lembro dos comentários feitos pelo Alan
Projeto da arena do grêmio
Projeto da perímetral
Projeto do cais mauá, esse então a prefeitura nem percebeu as implicações dos túneis de vento que seriam provocados.
Vendo rapidamente são tantos projetos de peso e nada de critica da prefeitura que me faz pensar qual a função dela nestes casos?
Fabio
Quem deveriam ser estes críticos? não sei se deveria ser alguém específico, ou você quer dizer que a classe esta pobre intelectualmente, Eliana?
ResponderExcluirRicardo
Não é que a classe seja pobre intelectualmente. O problema é que todos querem não ofender e portanto não ousam criticar e com isso ficamos na mesma... Não há criticas técnicas, não há criticas de usuários, ou de leigos... De ninguém... E não precisa ser de acordo com o que eu acho... Por que a discussão e o debate é a base a democracia... Me parece que isto simplesmente se perdeu. Tem projeto de famosos que eu gosto e tem projetos que eu não gosto. Exercitar o porque é um exercício fundamental a todo o arquiteto.. Sem isso perdemos os porquês. Semocaso nos tornamos mais medíocres nossos próprios projetos. Não é a troco, de Nada que passamos a faculdade fazendo trabalhos em equipe... Para aprender a ouvir, trocar, debater, criticar, discordar.
ResponderExcluirquem não quer a discussão é pobre de intelecto ou mau intensionado nas sua ações.
ResponderExcluirTania