Diferentes artigos e pesquisas tem tomado a internet na busca por entender e até mesmo antecipar a ocorrência de uma eventual "bolha imobiliária brasileira". As quedas dos fundos imobiliários advindos dos retornos abaixo dos previstos, em especial relacionado aos imóveis dos Shopping Centers apenas reforçaram as desconfianças do mercado, mesmo quando as instituições bancárias negam sua ocorrência.
A grande realidade é que a crise e queda do grupo de Eike Batista colocou em cheque a credibilidade e a confiança de grande grupos de todas as áreas, fazendo em especial os pequenos investidores, "colocarem as barbas de molho".
O que efetivamente pode ser esta bolha imobiliária. Seria uma crise igual a ocorrida anos atrás nos Estados Unidos? Dificilmente. Lá, o controle sobre o sistema financeiro como um todo não é tão eficiente quanto o brasileiro. Dificilmente golpes como o que foram vistos lá ocorreriam aqui.
No Brasil, o que ocorre é um excesso "estranho" de otimismo. Sim, Otimismo. Aquele como o de Eike Batista, que frequentemente anunciava "boas novas" buscando uma valorização irreal das suas empresas. um dia a casa caiu. E os fundos imobiliários? Também, o mesmo otimismo desmedido projetou lucros além dos reais. Basta ver o ciclo constante de trocas de lojistas em shopping centers para verificar que o preço de aluguel e condomínio está cada vez mais salgado, cada vez mais difícil de manter.
Sobre este aspecto é importante frisar: não há nenhum tipo de controle sobre estas operações. Se projeta um lucro de 10%, por exemplo, e no final tem-se 0,25%. Quem paga? Todo mundo. Apenas para uns e outros que fazem disto um negócio bastante lucrativo.
Quem não viu as recentes notícias sobre fraudes em fundos de pensão municipais? Só que naqueles casos a questão foi mais descarada. Mais obvia.
Voltemos aos imóveis. A realidade é que está cada vez mais valorizada a terra e os imóveis. Mas será que efetivamente estão vendendo. Será que os números são realmente reais ou os investidores e os fundos imobiliários estão efetivamente tendo perdas que sequer imaginamos? Num pais onde o custo médio de construção é de R$ 1500,00 (custo), de onde saem os valores astronômicos que vemos publicados? O valor do metro quadrado no Brasil já chegou a mais de R$ 35.000,00. mas será que vende? Ou será que em breve veremos os preços voltarem a normalidade e temos pessoas e grupos tendo prejuízos astronômicos advindos deste otimismo em relação aos preços dos imóveis?
Ao redor da Arena do Grêmio, em Porto Alegre, vimos favelas se "valorizarem" a mais de R$ 250.000,00, mas será que isto existe mesmo? Você pagaria este valor para comprar uma construção irregular, fora de norma, sem projeto, sem controle de construção e portanto de qualidade? Eu não.
O que vai acontecer quando "a bolha imobiliária brasileira estourar"? Os imóveis baixarão de preço e quem comprou achando que valia tudo aquilo, perderá muito dinheiro. Discernir sobre o que realmente vale, só a partir de muito estudo e conhecimento, de mercado, de economia, de materiais, de obra.
Eis aqui um excelente mercado para arquitetos com este mix de conhecimento.
Não há como acreditar em avaliação imobiliária que não contemple o conhecimento da construção civil. Eis aí, talvez, a justificativa para tantos erros de avaliação, afinal a relação não é tão direta e simples.
Eliana Hertzog Castilhos
arquiteta e urbanista
Empreendimento em desenvolvimento pela empresa na Avenida Sertório