quinta-feira, 12 de agosto de 2010

GALERIA CHAVES: Os riscos da revitalização.

Para quem desconhece, a Galeria Chaves (1938) em Porto Alegre, foi a primeira Galeria Comercial da cidade. Projetada pelo arquiteto Fernando Corona, é bem tombado pelo Patrimônio Municipal (Secretaria Municipal de Cultura).
Assusta porém sua proposta de revitalização da mesma. Para quem não sabe, após a primeira etapa que foi de restauro, ou seja, resgate das características originais, agora querem modernizar... querem instalar escadas rolantes, elevador panorâmico, ampliar o número de lojas, além de 2 restaurantes... e daí eu me pergunto, onde fica a História da Cidade?! Sei que muito já se perdeu, mas será que não temos que tentar manter o pouco que temos?
Não que eu seja grande especialista, mas talvez poucos saibam que o Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul foi contra esta modernização se manifestando publicamente no Conselho Municipal de Cultura, assim como se manifestou junto ao Prefeito e o Ministério Público.
Até agora, ele não recebeu resposta a seus questionamentos. Daí, após toda a confusão já criada nesta cidade devido às Áreas Especiais de Interesse Cultural, me pergunto onde fica o Princípio da Precaução. Depois de descaracterizar o patrimônio, fica muito difícil seu resgate.
Ainda me lembro quando era criança, e meu pai me levou pela primeira vez à Feira do Livro. Antes de chegarmos à feira, passeando pelas ruas do centro, passamos no museu Julio de Castilhos e na Biblioteca Pública Estadual. E, ao entrar na biblioteca meu pai me falou:
"Minha filha, olhe bem para o teto desta biblioteca pois estão pintando e apagando a nossa história." Naquele dia, estavam cobrindo com tinta branca, as pinturas do forro, pinturas lindíssimas, que ficaram apagadas no tempo. Nunca me esqueci daquele dia, pois muito cedo aprendi que o descaso pode nos fazer perder nossa própria história.
Espero que a Galeria Chaves não seja mais um destes casos. Gostaria que alguém ouvisse os porquês do Instituto Histórico ser contra sua reforma. Seus membros tem um conhecimento profundo da nossa história e sua posição talvez reflita o temor de simplismente estarmos criando minishoppings sem notar que estamos apagando a nossa história.

Arquiteta e Urbanista Eliana Hertzog Castilhos

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