quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O reencontro da praça da Alfândega com a Feira do Livro de Porto Alegre.

Há cerca de dois anos, a Praça da Alfândega começou a ser restaurada. O Programa Monumenta desejava devolver à cidade um das praças mais consagradas, conforme seu projeto original. O arquiteto Responsável que coordenou esta restauração, que uma vez entregue, está gerando uma série de discussões. E este blog, como não poderia deixar de ser, resolveu divulga-la e posicionar-se, como sempre procura fazer. Mesmo por que, a Feira do Livro de Porto Alegre reencontrou a praça assim como todos os porto alegrenses que passam por ela.

É inegável a surpresa evidente que toda conta de nós quando circulamos na praça. Antigamente sob a sombra, hoje o sol toma conta de diversos espaços. Confesso que já esperava este ganho de luz. Não esperava, porém, que fosse se dar de forma tão significativa. A temperatura subiu, reduzindo em muito o conforto de quem circula pelas suas calçadas de pedra portuguesa. Ficaram muitas árvores caducas, foram-se grande parte das perenes, e com estas, a ambiência consagrada da praça. Muitas árvores que ficaram nem se sabe bem por que, já que algumas até parecem estar mortas. Confesso que a surpresa, que esperava ser positiva, foi na verdade negativa. O calor tomou conta. E o calçamento parece longe de um trabalho de restauro. Há uma coleção diversa de tipos de luminárias, o que contraria qualquer pesquisa histórica. As fotos postadas aqui são claras ao mostrar isto.
Sempre fui contra a crítica pela crítica, mas acho que neste caso o arquiteto responsável deve dar ouvidos a quem à ele encaminha reclamações e questionamentos sobre este serviço. Todos, enquanto contribuintes, temos direito à nos manifestar, e mesmo a não gostar. E eu mais do que não gostar, não consigo justificar tecnicamente, o que foi feito. Não consigo entender a remoção tão significativa de árvores, contrária ao que é característica da cidade de Porto Alegre. Não consigo aceitar que a história de um projeto desenhado à anos em uma folha de papel se sobreponha à história vivenciada e consagrada no imaginário de tantos de transitam diariamente por aquelas pequenas pedras portuguesas. Até agora, estou procurando onde foi parar o imaginário do lugar que todos nós conhecíamos como Praça da Alfândega.
Ao final, resta esperar que algo seja feito no sentido resgatar sim a nossa história, não de páginas soltas ao vento mas sim aquela que todos ajudamos a construir. Ao circular pela Feira do livro, me vi coberta por toldos que sequer permitiam a passagem da luz, por vezes sem enxergar os jacarandás tão consagrados na Feira. O sentimento foi o de perda, de algo que talvez nem seja possível afirmar ou descrever ao certo. Perdeu-se algo, simplesmente. Não físico, não de história, mas sim de memória que eu tinha da nossa antiga Praça da Alfândega.

Arquiteta e urbanista Eliana Hertzog Castilhos


















4 comentários:

  1. ninguém pode dizer que o projeto de revitalização não privelegiou o sol, infelizmente deveria ter privilegiado as pessoas que usam a praça, o Sr. Marcelo deveria antes de propor este flage-lo verificar o que os usuários do local realmente desejavam desta praça. Infelizmente um projeto onde o cliente nçao foi ouvido, ou seja a população do bairro centro.
    Ana

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  2. Entrou outros assuntos em pauta e vocês esqueceram da nossa praça querida.
    Charles

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  3. Prezados A informação recebida na reunião do Fórum e divulgada esta incorreta, O arquiteto Marcelo Vargas Allet, Coordenador do Grupo de Trabalho da Orla, NÃO coordenou o trabalho de recuperação da praça a informação divulgada não corresponde, Agradeço ao Próprio por ter nos alertado e em tempo viemos corrigir a informação e pedir desculpas pelo equívoco realizado pelas informações que chegaram a nós.
    Alan Furlan

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  4. Prezados eliminamos o nome do Arquiteto no texto pois a informação estava incorreta.

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